Investimentos: só existem dois caminhos

O que é investimento?

O que é investimento? Não é mitose.
O que é investimento? Não é mitose.

Você já se perguntou como os ricos fazem seu dinheiro multiplicar? Deixe-me contar um segredo: não é com uma fórmula mágica ou um truque de mágica financeira. O dinheiro não se multiplica sozinho da noite para o dia, ao contrário das bactérias em alimentos deixados fora da geladeira. Na verdade, o dinheiro segue apenas dois caminhos principais no mundo dos investimentos – e nenhum deles envolve uma varinha mágica. Estamos falando do crédito (empréstimos) e da participação (equity). Então, se você estava esperando encontrar uma poção secreta para transformar suas economias em uma montanha de ouro, lamento desapontá-lo. Mas não se preocupe, vamos começar a desvendar os segredos dos investimentos de uma forma muito mais realista (e talvez um pouco menos fantástica). Aqui vamos nos concentrar nos investimentos de crédito. Em um artigo futuro, trataremos dos investimentos de participação.

Investimentos de Crédito: Conceitos Básicos

Muitos investimentos do nosso dia-a-dia, como a caderneta de poupança ou as ‘caixinhas’ oferecidas por alguns bancos são investimentos de crédito. Quando você investe, o banco empresta parte do seu dinheiro para terceiros. Esses terceiros podem ser empresas, pessoas físicas ou até mesmo governos. Uma parte dos juros pagos pelos devedores remunera o investidor, é por isso que seu dinheiro rende.

O investidor e o tomador de empréstimo acordam uma taxa de juros quando firmam um contrato de empréstimo. Chamamos esses investimentos de renda fixa porque os rendimentos seguirão a taxa acordada previamente. Por exemplo, numa taxa de 12% ao ano, ao investir 100 reais, depois de um ano você deve ter um investimento de 112 reais. No entanto, apesar do nome, não é sempre o caso que um investimento de renda fixa tem uma taxa fixa! Parece confuso, não é? Mas é simples de entender.

Investimentos de crédito: indexadores

Inflação

A taxa acordada para o investimento não precisa ser um valor numérico fixo (como 12%). A taxa pode se basear em um indexador, um índice cujo valor só será conhecido no futuro. Como assim? Tomemos o exemplo de um investimento de renda fixa com a taxa de IPCA+5%. Isso significa que o tomador do crédito vai pagar ao investidor, anualmente, a taxa da inflação (calculada pelo índice IPCA) mais 5% adicionais, ou seja 5% além da inflação anual. Suponha que você invista hoje num título que vai pagar IPCA+5% com vencimento daqui a um ano. Digamos que nos próximos 12 meses a inflação (segundo o IPCA) seja de 6%. Então, depois de um ano, você vai receber o valor investido acrescido de (6% + 5%), ou seja 11%. Chamamos tais títulos de “indexados à inflação“, justamente por seu rendimento depender da inflação no período.

Pré-fixados

Chamamos de pré-fixados os investimentos cuja taxa é um valor numérico fixo (como 12% do nosso exemplo anterior). Veja que se tivéssemos hoje a opção entre investir em um título pré-fixado de 12% ao ano e um IPCA+5%, não temos como saber com certeza qual será o melhor investimento, pois vai depender da inflação que teremos no próximo ano. O título IPCA+5% vai ser mais vantajoso com a inflação superior a 7% e desvantajoso em caso contrário. Infelizmente não temos uma bola de cristal para ter certeza sobre quais dos dois será melhor, por isso é importante diversificar os investimentos, mas isso é um assunto para outra postagem.

Pós-fixados

Nos investimentos de crédito “pós-fixados” só conheceremos a taxa efetiva no futuro, mas eles são geralmente indexados à SELIC (taxa básica de juros do Governo Federal) ou ao CDI. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a versão privada da SELIC, e é usado pelos bancos. Os títulos pós-fixados tanto podem ser um percentual do indexador (como 110% do CDI), quanto o indexador mais um percentual (como CDI+2%).

Para todos os três tipos de investimentos, anuncia-se a taxa “ao ano”, mas pode ser possível realizar o investimento por um tempo menor ou maior que um ano. Nesse caso, é necessário calcular a taxa correspondente para o período investido, considerando o comportamento dos juros compostos.

Risco de crédito

Note que, sempre que você empresta dinheiro a alguém, fazendo um investimento de crédito, você está correndo algum nível de risco de crédito. O que é o risco de crédito? É simplesmente quando o devedor não lhe devolve o que foi acordado, ou seja, você sofre um calote. Então é muito importante avaliar a capacidade de pagamento de quem você está emprestando.

Quando você compra um título público, como no tesouro direto, você está emprestando dinheiro diretamente para o governo. No caso do tesouro direto, para o governo federal. Emprestar para o governo federal é o investimento mais seguro, quando o governo é o próprio emissor da moeda na qual o empréstimo está sendo feito. Isso porque, num caso extremo, em que o governo estivesse sem dinheiro para lhe pagar o empréstimo, ele poderia simplesmente “imprimir dinheiro” e lhe pagar. Imprimir dinheiro para pagar o que foi acordado em investimentos pode gerar inflação, desvalorizando o dinheiro recebido. Isso geralmente não é uma boa ideia, mas o governo teria cumprido o acordo feito com você pagando o que fora acordado previamente.

Já quando você empresta para uma empresa privada, ela não tem o privilégio de imprimir a moeda do empréstimo. Então se ela não tiver como levantar recursos para lhe pagar, ela pode simplesmente lhe dar um calote, talvez até recorrendo a mecanismos como o de recuperação judicial para evitar que você tente liquidar ativos da empresa para receber seu empréstimo de volta.

Como reduzir o risco de crédito

Ninguém gosta de riscos, mas muitas vezes os toleramos em busca de melhores rendimentos. Entretanto seria melhor se eles não existissem, não é mesmo? Para tranquilizar os pequenos investidores, algumas instituições financeiras (como bancos) criaram uma entidade privada para garantir alguns tipos de investimentos até um determinado limite, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Atualmente, o FGC garante investimentos em LCI, LCA e CDBs de instituições associadas até o limite de 250 mil reais. Ou seja, se você investir em um CDB do Banco XYZW e esse banco vier a falir, o FGC vai lhe pagar o valor devido do investimento, até o limite de 250 mil reais. Isso é excelente para os pequenos investidores pessoa física, que são justamente os mais vulneráveis aos riscos de crédito. Note, entretanto, que o FGC não é “infalível”: se houvesse uma quebra generalizada de todos os bancos brasileiros, faltaria dinheiro ao FGC para pagar todos os depósitos assegurados. Felizmente, não vemos no horizonte atual essa possibilidade de quebra generalizada das instituições financeiras brasileiras, e o FGC é perfeitamente capaz de lidar com a quebra de pequenas instituições, garantindo o depósito dos investidores.

Outra forma de reduzir o risco de crédito é emprestar para instituições sólidas e nunca emprestar um percentual alto dos seus investimentos para um único tomador. As instituições de análise de risco podem ajudar a avaliar a solidez dos tomadores de empréstimo, embora uma nota de risco alta segundo as instituições de análise de risco não é uma garantia de solidez, sempre há a possibilidade de surpresas.

Tipos de investimento de crédito

Na seção anterior citamos três investimentos de crédito: Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), e Certificado de Depósito Bancário (CDB). Em comum temos que todos os três são intermediados por uma instituição financeira, membro do FGC, e por isso contam com a proteção do fundo. No entanto, o que lhes diferencia é o destinatário do crédito e os incentivos tributários concedidos.

Via de regra, quando recebemos rendimento de um investimento, temos que pagar a fatia do nosso “sócio universal”, o governo. Por exemplo, boa parte dos investimentos de crédito com tempo superior a 2 anos pagam 15% de imposto de renda. Por exemplo, se investirmos 10.000 reais em um CDB (estamos emprestando dinheiro a um banco ou financeira), e depois de 5 anos resgatamos 13.000 reais, tipicamente vamos pagar 15% sobre os 3.000 de rendimento, ou seja, recebemos na verdade apenas 12.550 e os 450 reais restantes são do governo.

No entanto, o governo tem o interesse de fomentar o desenvolvimento do país, sobretudo em algumas áreas estratégicas. Por isso, tem o interesse de facilitar o acesso ao crédito dessas áreas, e fornece incentivos tributários para os investidores que aplicam em títulos desses segmentos. É o caso das LCI e LCA: elas são isentas de imposto de renda para investidores pessoa física. Então se os 10.000 reais fossem investidos em uma LCA ou LCI e depois de 5 anos eles se tornaram 13.000 reais, você ficaria com a totalidade dos 13.000 reais, e não pagaria nada de impostos. As LCI e LCA são isentas de impostos justamente porque os destinatários do crédito são atores dos segmentos Imobiliário e Agronegócio, respectivamente, duas áreas que o governo quer atualmente incentivar.

Crédito incentivado direto: CRI e CRA

O crédito ao setor imobiliário e do agronegócio pode ser feito com a intermediação das instituições financeiras, como no caso das LCI e LCA, mas também pode ser feito sem a intermediação das instituições bancárias. Neste caso, o crédito imobiliário é chamado de CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), enquanto que o crédito para o agronegócio é chamado de CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio). Como não há o intermediário bancário, o investidor consegue taxas mais altas de rendimento. No entanto, como não há mais a intermediação de uma instituição membro do FGC, não há mais a garantia desse fundo. Ou seja, se o devedor der um calote, o credor fica sem receber.

Crédito direto para outros setores

Não existem apenas atores imobiliários e do agronegócio na economia, outros atores também precisam captar recursos do mercado. Esses outros atores podem, então, emitir títulos de dívida privada, conhecidos como debêntures. Elas não possuem garantia do FGC e via de regra estão sujeitas à tributação. No entanto, o governo atualmente também deseja incentivar outros setores para além do imobiliário e agronegócio. Então, ele criou o incentivo fiscal das debêntures incentivadas, que também contam com a isenção de impostos para pessoas físicas. Empresas habilitadas para a emissão desse tipo de crédito tipicamente operam em áreas ligadas à infraestrutura, como saneamento, energia e transporte.

Fundos de Investimento de Crédito

Pessoas físicas ou empresas podem adquirir diretamente títulos de crédito, como títulos públicos, debêntures (incentivadas ou não), LCI, LCA, CDB, CRI e CRA. No caso das pessoas físicas, eventualmente com o incentivo da isenção tributária, quando aplicável. No entanto, você pode delegar a gestão de uma carteira de investimentos para uma gestora especializada. Essas podem formar condomínios que reúnem os recursos de muitas pessoas ou empresas e o aplicam em uma variedade de investimentos, são os fundos de investimento.

Em se tratando de uma carteira de crédito, os fundos de investimento podem fazer uma gestão mais profissional do risco de crédito da carteira, diminuindo o risco de aplicar em debêntures, CRI e CRA e aumentando a liquidez. Por outro lado, eles não contam com qualquer proteção do FGC. É possível entretanto ter fundos focados em títulos incentivados, e que portanto gozam de alguma isenção fiscal.

Fundos de CRI podem ser Fundos de Investimento Imobiliários (FII), enquanto que Fundos de CRA podem ser Fundos de Investimento do Agronegócio, ambos contam com isenção tributária na distribuição de rendimentos. Eles também são conhecidos como “Fundos de Papel”, pois os seus ativos são contratos de dívida. Temos também os Fundos de Debêntures Incentivadas, que têm sua carteira majoritariamente composta por essas debêntures, e contam com os mesmos incentivos fiscais delas. Note que nem todos os fundos de investimento imobiliários e fundos de investimento do agronegócio são fundos de crédito, vários deles são fundo de participação. 

Conclusão

Ao explorar os caminhos dos investimentos, você não apenas abre um novo mundo de possibilidades financeiras, mas também se capacita para assumir o controle do seu próprio destino financeiro. Com conhecimento e discernimento, você tem o poder de moldar seu futuro, transformando suas economias em uma fonte confiável de crescimento e segurança.

Lembre-se sempre: o sucesso financeiro não é resultado de sorte ou acaso, mas sim da sabedoria e da diligência na tomada de decisões. Cada investimento é uma oportunidade de aprendizado e crescimento, e cada desafio é uma chance de fortalecer sua resiliência e determinação.

Então, avance com confiança, explore novos horizontes e nunca subestime o poder do seu potencial financeiro. Com determinação e disciplina, você estará no caminho certo para alcançar seus objetivos e transformar seus sonhos em realidade. O futuro está em suas mãos – vá em frente e faça dele um sucesso extraordinário!

Conte conosco para informá-lo nessa jornada! No próximo artigo abordaremos os investimentos de participação.

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